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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

PERFIL


Foto/Fonte: poetryfoundation.org

Jorge Amado quando escrevia seus romances abordava a vida de seus personagens mostrando suas vidas, suas vontades, seus protestos, sua politica e seus amores. Mas, quando se retrata na tela só mostra o lado sórdido da coisa. 
O perfil de uma pessoa é fácil e simples. Basta dizer sobre a pessoa suas características físicas, éticas, morais e até psicológicas. Levantar o perfil de uma pessoa é fácil, assim como ela é. Mas, também é fácil denegrir o perfil de uma pessoa física, de várias pessoas, de uma comunidade. Basta lava-las a dor, enfraquecê-las até com a solidão. Depois de inanição a pessoa está a mercê dos abutres.
Pessoas solitárias fazem qualquer coisa para livrar da situação; mesmo que passem como “bobo da corte”. E faz muito bem a elas que não percebem como… 
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Fico a pensar e com uma pena imensa de Álvaro Campos que mudou de nome para mandar um recado para aqueles que se achava mais do que ele. 
Olha isso!

 POEMA EM LINHA RETA

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
   



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