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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Timidez

"O tímido nunca tem a menor dúvida de que, quando entra numa sala, todas as atenções se voltam para ele e para sua timidez espectacular. Se cochicham, é sobre ele. Se riem, é dele. Mentalmente, o tímido nunca entra num lugar. Explode no lugar, mesmo que chegue com a maciez estudada de uma noviça. Para o tímido, não apenas todo mundo mas o próprio destino não pensa em outra coisa a não ser nele e no que pode fazer para embaraçá-lo.
O tímido vive acossado pela catástrofe possível. Vai tropeçar e cair e levar junto a anfitriã. Vai ser acusado do que não fez, vai descobrir que estava com a braguilha aberta o tempo todo. E tem certeza de que cedo ou tarde vai acontecer o que o tímido mais teme, o que tire o seu sono e apavora os seus dias: alguém vai lhe passar a palavra”.
O tímido tenta se convencer de que só tem problemas com multidões, mas isto não é vantagem. Para o tímido, duas pessoas são uma multidão. Quando não consegue escapar e se vê diante de uma platéia, o tímido não pensa nos membros da platéia como indivíduos. Multiplica-os por quatro, pois cada indivíduo tem dois olhos e dois ouvidos. Quatro vias, portanto, para receber suas gafes. Não adianta pedir para a platéia fechar os olhos, ou tapar um olho e um ouvido para cortar o desconforto do tímido pela metade. Nada adianta. O tímido, em suma, é uma pessoa convencida de que é o centro do Universo, e que seu vexame ainda será lembrado quando as estrelas virarem pó." (Veríssimo)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Álvares de Azevedo

“Foi poeta, sonhou e amou na vida”
Assim está escrito no tumulo de Álvares Azevedo!
Um menino que viveu apenas 21 anos. Deixou para todos os seus escritos de difícil interpretação. Eles são muitas vezes pensamentos truncados, apresenta certa descrença e tem uma forte obsessão pela morte a qual leva ao sadomasoquismo. Está sempre se referindo a cadáveres e túmulos, talvez por escrever doente em noites de febres e insônia, ele esta sempre se referindo aos tremores nas mãos. Impressionante ele descrever um velho de trinta, e um ancião de quarenta anos. Deve ser por que ele morreu menino.
Suas ultimas palavras em agonia foram dirigida ao seu pai dizendo: “Que fatalidade meu pai”.

Leia alguma coisa que ele escreveu.
São tristes, mas tão poéticas.

"O que é o homem?
É a escuna que ferve hoje na torrente e amanhã desmaia; alguma coisa de louco e movediço como a vaga, de fatal como um sepulcro!
O que é a existência?
Na mocidade: o caleidoscópio das ilusões; vive-se a seiva do futuro. Depois envelhecemos. Quando chegamos aos trinta e o suor da agonia já nos grisalhou o cabelo antes do tempo e murcharam como nossas faces as nossas esperanças; oscilamos entre o passado vesionário e o amanha do velho gelado e ermo e depois como um cadáver que se banha antes de dar a sepultura! Miséria! Loucura!"

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Poema em linha reta

Para Quem gosta de contar vantagens! Dá-lhes!
Poema em linha reta
Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irresponsavelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe, todos eles príncipes, na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Paulo Freire

"Neste lugar de encontros, não há ignorantes absolutos,
nem sábios absolutos: há encontro de homens que,
em comunhão, buscam saber mais".
Paulo Freire

Quem?

Sou um ser inacabado vivendo completamente fora do pré-estabelecido; inacabada por que gosto do aprender e aprender.
Gosto de ser povo para não sair mundo afora cobrando educação e exigindo gentilezas. Educação: quem a tem mostra; quem não a tem cobra.
Gosto de ser gente; respeitar todos em igualdade de condições, viver sem preconceito de raça, credo ou cor; principalmente respeitar a mim própria.
Digo sem rodeios, quando não sei, não sei: “Só sei que nada sei”, mas esse “não sei” não é não visto como fim de questão. Ele faz-me lembrar que sou um ser inacabado que necessita buscar conhecimentos, identidade e autonomia.
Abandonei a décadas a arrogância farisaica e me vesti de humildade e liberdade para angariar diplomas verdadeiros de saberes e conhecimentos mesmo sendo adquiridos através do senso comum na Universidade da Vida onde me graduei e pós-graduei, chegando a me doutorar em várias especialidades. Universidade esta, que todos têm direito. As outras universidades frequentadas só me deram a base para essa; UNIVERSIDADE DA VIDA.: