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sexta-feira, 14 de agosto de 2015

POESIA DO PRESENTE


O haicai sempre exprime um momento vivenciado no presente. Sendo baseado na natureza, obrigatoriamente fala de coisas concretas, com existência física. E ao falar do presente através de coisas concretas, necessariamente alude à temporalidade, ao provisório e ao efêmero, marcas do mundo terreno. Em outras palavras, o haicai é um veículo para a expressão da transitoriedade, e esta é evidenciada através do uso dos termos-de-estação oukigos. Signos de um mundo em constante mutação, os kigos se sucedem ao longo do ciclo anual, representando a própria imagem da transitoriedade.
Ao exprimir um momento do presente, baseado na realidade física, o haicai se aproxima da fotografia. Sempre que olhamos para uma foto, aquela impressão visual se reaviva e se torna presente para nós. O haicai faz o mesmo, através da descrição objetiva de uma sensação física, que além de visual, pode ser também auditiva, tátil, olfativa ou de paladar. Esta sensação pode disparar uma lembrança ou um sentimento, o que pode ser expresso no poema. O contrário não é permitido. A sensação psicológica sempre nasce depois da sensação física.
Dizemos que o haicai pode ser comparado a uma fotografia, que é completamente diferente de um filme. O minúsculo tamanho do haicai não comporta cenários dramáticos, amplos movimentos ou planos em seqüência. Também não se trata de suprimir todos os elementos sintáticos como num telegrama, visando comprimir o máximo de palavras dentro de 17 sílabas. A descrição simples e sem artifícios estilísticos de uma sensação, deixando grande espaço para a sugestão, é a regra a ser seguida.
"Haikai não é síntese, no sentido de dizer o máximo com o mínimo de palavras. É antes a arte de, com o mínimo, obter o suficiente". - Paulo Franchetti.


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