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quarta-feira, 21 de novembro de 2018

CEM ANOS




Antônio Brasileiro

Vejo mãos que me folheiam
buscando-me a fisionomia —
         mas já passei, agora
         sou apenas poesia.

Vejo rostos que me amam
tentando saber quem fui —
         sou um retrato, miragem
         que o tempo dilui.

Vejo braços que me acenam
chamando-me insistentemente —
         para que, se a folha que passa
         passa tão de repente?


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