Era noite alta.
Granizos espocavam nas vidraças e raios
fustigavam o ar. O retroar dos trovões era lamentos que arrebentavam as
comportas dos céus e transformavam as gotas de lágrimas em chuva torrencial que
deslizava pela terra seca e corriam para os rios, lagos e mares.
Ali em um canto qualquer estava meu frágil
corpo largado ao léu;
em meio a um vendaval de silvos de todos
os tons;
em meio a um emaranhado de fios de todas
as cores, texturas e diâmetros;
em meio a um festival de luzes que
mudavam de cores conforme o som... e elas chegaram.
Delicadamente tomou-me em seus braços e
alçaram em longos e infinitos voo. Senti o farfalhar de suas asas sobre minha
tez e seus cantos magníficos aliviavam quaisquer dores.
Não mais que de repente seres celestiais
interrompem aquela viajem dizendo: devolva-a. Sua missão ainda não está
cumprida.
Então segurei minha vida com minhas
próprias mãos e esperei.
No grau máximo da minha dor o dia sorriu
para mim.
rubi (2015)
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