... a hora do conto.
Era uma vez uma senhora, uma bela senhora de cinquenta
e tal anos. Uma trabalhadora braçal que nunca havia sentado no banco de uma
escola. Portanto não sabia ler e nem escrever. Mas, não sei se existe esse
parecer; diria eu que ela era alfabetizada numericamente, ou seja, conhecia os números e somas, diminuições multiplicações, divisões e pasmem fazia uma percentagem quase que instantânea. Ela era algo vaidosa. Vestia-se muito bem e
não dispensava os saltos altos, e falava, comunicava bem.
Abriu-se uma loja de revenda de cosméticos e
perfumarias e porcelanas. Então ela foi revender para ganhar mais alguns
dinheiros. A venda dava-se através de revistas com listagem de preços à parte.
Ela solicitou as duas revistas de cosméticos e de
porcelanas e pediu-me a gentileza de colocar em cada produto o preço da peça em
cada foto. Então eu questionei o porquê daquilo, achando que seria estragar tão
bonita revista, ela simplesmente disse: sou analfabeta. Acreditávamos que ela não possuía condições de ser uma revendedora, pois cada revista oferecia mais de
duzentos produtos.
Oh! Ledo engano. Hilda Emídia foi a melhor revendera
que tivemos. Ela era capaz de vender 30 peças de porcelanas, por volta de 50
produtos de cosméticos por semana e sabia de cor para quem vendeu, quanto
deveria receber, o endereço do comprador e sem jamais esquecer o seu lucro. Era
bom, dava gosto ver a inteligência daquela senhora.
Ficamos a pensar se a Hilda Emídia tivesse a chance de
frequentar escola será que e ela era capaz de pratica-las sem erro algum. E nós que sofremos para aprender sobre
duzentos poucos ossos, o nome dos
forames da cabeça humana... acho que Hilda tirava de letra.
Aqui fica uma homenagem a uma brasileira, analfabeta, educadíssima, dona de um nobre carácter.
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